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terça-feira, 10 de março de 2015

Poema O que leva a poesia?


Ilhéus- Bahia- Brasil



O QUE LEVA A POESIA?

A poesia voa mansinho querendo ser lida, 
tal qual avião colorido desejando ser visto.
Contempla serena a multidão,
tal qual estátua do Cristo de braços abertos
sempre de prontidão para um abraço.
A beleza da poesia não está no brilho das folhas,
assim como a grandeza do Senhor Divino
não está na altura da imagem.
Está no coração que pulsa levando amor,
voando em asas silenciosas simbolizando a paz.
Na verdade a poesia traz consigo também a espada,
plagiando o que disse o Senhor:
"não vim trazer a paz,
mas a espada".
Nada que destrua o homem,
mas tudo o que transforma o espírito.
Sua força não está nos braços,
nem nas asas,
está no espírito que comanda o corpo.
O Cristo não fez elogios,
a não ser aos lírios dos campos
e ao nosso Criador.
A poesia auxilia os olhos a enxergarem
as belezas e as verdades;
faz a boca dramatizar o choro ou o riso.
Traz à flor da pele os arrepios.
Expõe a essência da alma,
feliz ou dolorida.
Os sonhos que voam com elas,
são das almas,
vindos de todos os poetas.
A poesia é uma solicitação sutil
que tece o sentimento e constrói sem destruir.
Poesia não há de ser decreto que escraviza,
mas o bálsamo que cicatriza feridas;
haverá de ser o perfume que relaxa os braços,
que abre as mãos e convida aos abraços.

Evaldo

segunda-feira, 9 de março de 2015

Crônica O Preço da Terapia











O PREÇO DA TERAPIA

O maior terapeuta que eu tive notícias foi sacrificado, na cruz.
Há controvérsias, mas eu acredito nessas notícias que atravessaram os tempos.
Tenho visto que este é o risco dos terapeutas, pois são eles que levantam os véus que encobrem nossos medos.
Nossos medos também encobrem nossos erros.
E na Galileia, o maior dos terapeutas tentava libertar o homem de sua cobiça, de sua vida de mentira.
Abria os porões da alma, mas a luz que entrava era demais, 
então os homens se afundavam nas próprias sombras.
Crucifiquem-no!
Crucifiquem-no!
Libertem Barrabás!
Diziam as vozes da ira.

Sabia entretanto, o terapeuta, que o maior crucificado não era ele, pois a sua luz era justa e mansa.
Os verdadeiros feridos eram os outros, agressores e pecadores.
Nos dias de hoje, os terapeutas hão de entender o que eu digo, pois este ofício tem como mérito, o risco.
Crucifiquem O Lula!
Crucifiquem a Dilma!
Ora!
Não se espantem, terapeutas!
Terapeutas da política, da economia.
Todos nós estamos feridos, pois estão destampados os ódios, as iras, a intolerância, a impaciência.
O tribunal está se aproximando das ruas, mas quem serão os condenados?

Agressores, ou agredidos?
O preço a pagar certamente virá depois.
O terapeuta de há dois mil anos não cobrou nada, apenas cedeu o seu sangue para renovar consciências.
As batalhas que vemos hoje, não são entre o divino e os homens.
São entre homens e os homens, mas as feridas são as mesmas.
Estão sendo desenterradas as cruzes, as guilhotinas, 
os facões que decepam cabeças.
No fim de tudo isso, os que se libertarão serão os terapeutas, pois existe uma sina que os acompanham, a de libertar consciências.
Esta é a recompensa.
A cruz é sinal de eficiência do terapeuta.
Entretanto, já conhecemos a história, e é possível saber a quem libertar da dor, se o Barrabás ou o terapeuta, apesar de tudo estar nebuloso no palco e a ira contaminando a plateia.
Se quem se voltar contra o palco for a ira, e se for ela quem libertará os candidatos às cruzes, saberemos, então, quem é o Barrabás.
A cruz não é sofrimento para os justos, é acima de tudo, ato de coragem, de vivência.
O terapeuta pode entender.
Seria interessante que fossemos terapeutas de nós mesmos, a fim de que o ódio não defina nossos destinos.


Evaldo






Poema Contornos da boca

















Contornos da boca

Fico assustado com as bocas do mundo.
Estão perdendo sentido.
Dissolvendo arquétipos.
Não sei o que fazer com a minha.
Há muitos ouvidos se recolhendo.
As bocas não fazem mais silêncio.
Querem que todos os ouvidos as ouçam.
Daqui a pouco não haverá mais boca.
Nem ouvidos.
Nem olhos.
Nem corpo.
Só haverá pensamento.
Para pensar o que quiser.
Nada mais será certo.
Nem errado.

Evaldo