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quarta-feira, 30 de março de 2016

Lembranças da minha infância - o final das roças
















VIDA QUE SEGUE
O orvalho molhava as folhas dos capins
e elas molhavam os pés descalços
que precisavam iniciar a rotina no campo.


Era assim a maioria das manhãs.

Dormiam as noites no sereno
para umedecer a pele da terra, 
cumprindo o passo engenhoso da existência.

Os pendões das plantas cheios de sementes
atraiam os pássaros que na labuta dos dias
iniciavam as danças corriqueiras.

Danças da vida que todo vivente precisa dançar
para trocar seus átomos que não repousam nunca.

Como seria o amanhã ninguém sabia.

O cenário daquele pedaço de chão transformou-se 
em quase nada.

Lá não vivem mais os pendões de arroz, ou de milho,
nem os pássaros que também festejavam as colheitas.

Só ficaram por lá terras secas e pasto sem graça e 
o tempo consumiu o resto das casas em ruínas.

Não há mais o engenho de cana, nem o grande taxo 
na fornalha para ferver o melado.

As gentes já se foram para o além, a maioria.

Restaram alguns meninos para testemunhar a história,
e escrever outras linhas.

É a vida que segue para construir novos sonhos.

Evaldo







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